segunda-feira, 6 de abril de 2009
um retrato / genoveva
Tem 25, 26 anos, mora com a mãe num pequeno apartamento de dois quartos na Saúde (Rio de Janeiro). A mãe é costureira mas trabalha cada vez menos, em razão de persistentes problemas de visão, relacionados à hipertensão. Tem um irmão mais velho já casado, que não vê com frequência. O pai, comerciante, falecido há uns 4, 5 anos, deixou para a família o apartamento e alguns bens, como um armarinho no Centro, o que lhes assegura a sobrevivência.
Genovena é virgem e teve poucos casos amorosos, o que se deve em boa medida à sua aparência física. Em boa medida porque, verdade seja dita, já lhe apareceram alguns pretendentes, mas ela os rechaçou. Seus sonhos amorosos são povoados exclusivamente por estrelas da TV e do cinema, inatingíveis, como Marcos Palmeira, Reynaldo Gianechini e George Clooney – o que evidentemente não lhe facilita a vida. Genoveva evita pensar em sua própria feiúra (é vaidosa à sua maneira, às vezes acha-se bonita), mas a consciência dela –inevitável- permeia sua vida, influenciando seus hábitos e condicionando, de certa forma, sua relação com os homens: no fundo desconfia da sinceridade de quem dela se aproxima, teme ser usada ou ridicularizada. Assim, evita festas e raramente vai à praia, embora adore o mar.
A morte do pai, a fragilidade da mãe, a consciência de que não há tantas portas abertas para ela como para as moças que Deus abençoou com o dom da beleza… tudo isso contribuiu para a dedicação de Genoveva aos estudos e ao trabalho. Fez todo o colegial em escola pública; não sendo aluna brilhante, sempre teve, contudo, boas notas. Formou-se em Farmácia em uma universidade privada, num curso noturno, trabalhando como caixa durante o dia. Com isso conseguiu um emprego melhor noutra farmácia, onde chegou ao cargo de gerente em tempo relativamente curto. Genoveva tem boa ortografia, sabe alguma coisa de inglês e de informática; seu sonho é ser dona de sua própria farmácia. Gosta de música romântica, brasileira ou norte-americana, detesta filmes de ação. É católica, mas não frequenta igreja. Insegura em diversas circunstâncias, desajeitada até, é desenvolta detrás do balcão, entre os medicamentos: ali ela está em seu meio.
Genovena não gosta de seu nome, prefere ser chamada de Geni (é provável que desconheça a canção de Chico Buarque).
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